Endereços certos para garimpar peças do tempo da vovó

Matéria publicada no caderno Niterói do jornal O Globo. Leia o texto na íntegra abaixo, ou acesse o link da matéria. Fui repórter do jornal entre janeiro e setembro de 2013.

Antiquários e leilões de antiguidades estão no roteiro de quem gosta de uma atmosfera nostálgica

O endereço já anuncia o seu valor: Beco do Ouro. No número 108 da galeria com cara de vila no meio do movimentado bairro de Icaraí está localizada a Gina Antiguidades, loja que é o maior bem do comerciante Túlio Faria. No pequeno espaço, repleto de lustres, livros, pratos, quadros, há objetos finos, como um vaso em estilo veneziano; e outros curiosos, a exemplo da faixa do concurso Rainha da Primavera de 1974 e um quepe de um marinheiro desconhecido. Tudo mantido com muito apreço pelo vendedor, que trabalhou como produtor cinematográfico antes de se dedicar às antiguidades. O local é uma preciosidade para quem quer garimpar objetos bacanas para criar aquela atmosfera nostálgica na decoração.

— Tem gente que compra comigo para revender na Praça Quinze — revela Faria, citando a tradicional feira de antiguidades carioca.

A Gina Antiguidades pode ser considerada uma sobrevivente entre os antiquários. Alguns faliram, outros fecharam, e há os que resolveram diversificar, ao revenderem, lado a lado, artigos usados e peças novas com toque retrô. Na Empório Mix, na Rua Mem de Sá, também em Icaraí, as garrafas de soda que parecem saídas da década de 50 são antigas, mas a mesa que serve de suporte, não. O passado e o presente se confundem na casa construída na última década do século XIX, e que ainda tem um café onde são vendidos bolos que lembram aqueles da vovó.

— A responsável pelos quitutes é a dona Maria, que aprendeu a cozinhar com a minha avó — conta o proprietário Renato Moreth.

Familiares também são as lojas de móveis antigos do Centro. Só a família Schuindt é dona de três delas: Vagomóveis, Passado Útil e Emporium Artecasa. Entre os produtos à venda há móveis rústicos e antigos, peças de madeira de demolição e algumas reproduções.

— Muitas pessoas procuram o relógio cuco, mas não encontramos o antigo, então trabalhamos com uma réplica — explica Aline Schuindt, da Emporium.

¨Há ainda quem preste atendimento personalizado a quem busca antiguidades. Porfírio Lopes e Darcancy Teixeira trabalham assim: o cliente diz o que quer, e eles correm atrás de pessoas que desejam vender peças semelhantes. A última empreitada foi catalogar mais de 500 itens do espólio de um casal que morava na Praia de Icaraí. As peças estão à mostra até segunda-feira, e nos três dias seguintes entram em leilão. Entre elas há quadros, móveis e esculturas valiosas, como uma fruteira de cristal com base de prata do século XIX, com lance inicial de R$ 2 mil.

 

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