No Ingá, imóvel centenário vira sinônimo de modernidade

Matéria publicada no caderno Niterói do jornal O Globo no dia 31 de agosto de 2013. Texto na íntegra abaixo e neste link.

Espaço Casa Aberta completa um ano em setembro com diversas atividades artísticas, culturais e esportivas para todas as idades

No espelho do banheiro decorado com azulejos azuis em estilo colonial, o professor Ricardo Gadelha se arruma para mais um dia de trabalho. A primeira coisa que faz é passar uma tinta preta nas sobrancelhas. Em seguida, ele pinta a pele de branco. As bochechas ganham um reforço de blush. A calça jeans é trocada por uma de tecido maleável, que, se fosse usada com sapatos baixos, precisaria de uns bons palmos de bainha. Como o leitor deve ter reparado, Gadelha não leciona uma disciplina convencional, tampouco trabalha numa escola regular. Ele comanda as oficinas “Para subir na vida”, na qual ensina como se equilibrar em pernas de pau; e “Para fazer papel de palhaço”, cujo nome explica tudo. As aulas são dadas no Espaço Casa Aberta, no Ingá.
O local é um misto de incubadora de talentos e centro cultural que funciona há quase um ano no número 204 da Rua Professor Lara Vilela. A história do espaço começa no dia em que uma família vendeu o imóvel para a Igreja Presbiteriana Betânia Litorânea. Trata-se de uma construção centenária tombada, e, por isso, pastores decidiram realizar os cultos numa tenda anexa para não fazer alterações na casa. As paredes erguidas em 1869 passaram a abrigar, então, um centro cultural aberto à comunidade.
Ali, desde setembro do ano passado, professores que não tinham um local para realizar suas aulas alugam salas por um valor simbólico, correspondente a 20% da renda arrecadada com seus cursos. O dinheiro é usado para cobrir despesas de infraestrutura. Qualquer pessoa, de qualquer idade, pode se inscrever nas atividades.
Os cursos no local vêm ganhando fama. Prova disso é que a professora Elisa Vieira abrirá novos horários para sua turma de libras, pois há uma boa fila de espera.
— Tenho muitos alunos que trabalham com serviços sociais. Alguns também são professores, e há aqueles que decidiram aprender a linguagem dos sinais para exercitar a memória. A procura está crescendo, o Espaço Aberto vem ganhando notoriedade — conta Elisa, orgulhosa.
Um mês atrás, o espaço firmou um convênio com o Colégio Estadual Aurelino Leal. Estudantes do ensino médio fazem aulas de jiu-jítsu e musicalização, e recebem orientação vocacional. Em breve, terão acompanhamento fonoaudiológico. A lista completa dos cursos oferecidos no local está disponível no site espacocasaaberta.org

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